FALAR DO OUTRO SEM FALAR AO OUTRO: ANÁLISE DO EUROCENTRISMO NA COLONIZAÇÃO ESPANHOLA DA AMÉRICA A PARTIR DA VIDA E DA OBRA DE BARTOLOMEU DE LAS CASAS
DOI:
https://doi.org/10.63026/acertte.v4i7.198Palavras-chave:
Eurocentrismo. Colonização espanhola. América espanhola. Indígenas. Cristianismo.Resumo
Este artigo tem o objetivo de analisar o eurocentrismo na colonização espanhola da América a partir das ideias do frade espanhol Bartolomeu de Las Casas, conhecido como “defensor dos indígenas”. Procura-se entender se o engajamento de Las Casas em favor dos nativos era limitado à superficialidade do esforço cristalizador e em que grau estava impregnado de ideias etnocêntricas próprias de sua realidade social e histórica. Para tanto, realiza-se uma revisão bibliográfica, tendo-se como fontes de pesquisa as obras de Enrique Dussel (1993), Tzvetan Todorov (1982) e Hector Bruit (1993) para uma compreensão dos fundamentos, aspectos, argumentos e manifestações do eurocentrismo na colonização espanhola. O desenvolvimento do trabalho está organizado em quatro partes: na primeira parte, estudam-se os fundamentos do eurocentrismo pela centralização da Europa na história mundial; na segunda parte, analisa-se a construção do discurso de Las Casas tendo em vista seus objetivos políticos; na terceira parte, comparam-se os argumentos de Las Casas e de Gines de Sepúlveda no debate de Valladolid; a quarta parte é dedicada às mudanças tardias do pensamento lascasiano e suas perspectivas sobre o futuro da América enquanto constituída sobre as violências perpetradas pelos espanhóis contra os indígenas, estabelecendo-se um breve diálogo com o sistema-mundo conforme conceituado por Ramón Grosfoguel (2008).
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